Terça-feira, 16 de Novembro de 2004
Carta
Carta
Quando olho pela janela e vejo que o dia esta frio e chuvoso, nao posso deixar de sorrir. Que ironia esta, o frio, a chuva, o vapor da minha boca, serem hoje e todos os dias
todos os meus dias.
Recordo os teus olhos negros e o teu perfil malvado. O teu sorriso perverso que me assusta ainda hoje. Lembras-te qdo me pediste para tracar uma linha, o meu limite, o meu normal ? Disseste-me
salta
e eu saltei. Disseste-me entrega-te e eu assim o fiz. Aquilo que marca, que nao nos deixa esquecer, que nos faz sorrir de vergonha e admiracao. Que coragem tive penso eu, que garota pensas tu.
Subo as tuas escadas e entro na tua sala. As traves de madeira cheiram a tempo e historias. Esta escuro e frio e tenho o corpo dorido de ti, de me teres tomado sem aviso, de me teres tirado o sal da pele e me teres feito chorar. De prazer. De culpa.
Tenho a pele seca e fria e procuro-te no meio das sombras.
Olho as fotografias que te enfeitam as paredes. Mulheres de todos os sorrisos, que foram tuas, que te viram surgir na rua, com os teus longos cabelos negros e o teu cheiro a doce e que decidiram como eu entrar na tua casa. Ninguem entra na tua vida. Ninguem pode, ninguem consegue.
Eu tentei. Fiquei sempre a porta enquanto me via deitada nos teus lencois.
Vejo-te agora sob a lua, de janela aberta enquanto os teus cabelos se enrolam nos ombros e fumas um cigarro devagar. Nao me olhes agora que estou assustada. Nao me cheires agora que te desejo mais do que nunca. O meu corpo tenso, as minhas maos fechadas em punho.
Vem ca. Debaixo da lua entrego-me sem pensar. Beijo-te a boca e sinto o sal da tua pele. O teu cheiro, o teu sexo, dentro de mim, fora de mim, em mim, sabores que se misturam com os meus. Doi-me como me tens, como me dizes ao ouvido o prazer que te dou. E doi-me depois qdo percebo que afinal estou ali a porta, a ver-te de longe, a tua pele morena, o cheiro do teu quarto, o nosso momento, deitado no meu corpo. E quero capta-lo. E trago-o comigo. Porque foste o dia mais audaz. Es o meu segredo, a minha culpa, o meu sorriso. O meu prazer, o meu passado.
Nao te verei de novo, nem saberei o que fazes nem com quem estas. Como dizes os dias nao se repetem. O desejo nao se repete. Esgota-se nas palavras e no tempo.
Se um dia os deuses brincarem comigo de novo e te puserem no meu caminho estarei como no primeiro dia, pronta para te receber. Para me entregar e dizer-te ao ouvido que sera de novo a nossa ultima vez.
Da autoria de @VinaApsara
De Passo a 2 de Dezembro de 2004 às 14:29
Ja tinha passado por aki os olhos, mas n li, n senti esta carta .. passei e disse qd ca voltar tenho de ler esta carta com atenção q hoje n tenho tempo ...ainda bem q voltei e perdi um cadinho a le-la, é de uma beleza tal ... de uma doçura q até arrepia ... parabens miuda por escreveres com tanta ternura, sensibilidade :) jokas
De Cass... a 16 de Novembro de 2004 às 16:33
Magnifico ! Senti um arrepio ao ler !
Parabens Vina ! :)
De
crowe a 16 de Novembro de 2004 às 15:50
Sinto um peso no peito, a responsabilidade de ser a 1ª a comentar! Li sem fôlego e suspirei no fim... fiquei sem palavras pois os sentimentos são tão intensos k levam tudo! Um beijo amigo sentido
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