Busca efémera ,
na procura do que nos da prazer,
na ânsia de encontrar,
o que nos faz feliz,
corremos desalmados,
em qualquer direcção,
ao mínimo sinal,
na tamanha ilusão,
de ser ali,
que se encontra o objecto,
da demanda,
do nosso desejo,
nessa insana procura,
vasculhamos tudo e todos,
vamos aos locais mais estranhos,
absurdos,
até à lua se tal for preciso,
sempre na mira,
do ser agora,
desta é que é,
esquecendo sempre o mais obvio,
geralmente está sempre debaixo do nariz,
aquilo que mais se procura,
mora em nós,
bem guardada no peito,
a capacidade de ser feliz,
afinal,
o ser humano é um ser completo em si mesmo.
Meu corpo anseia pelo teu,
meus braços,
procuram teu abraço,
que me enlace,
te traga até mim,
lábios acariciam lábios,
de olhos fechados,
a língua percorre o caminho,
que a tua lhe ofereceu,
sentidos despertos,
calor que se sente fervilhar,
exploro-te,
teu corpo,
um mapa de curvas,
contornado por minhas mãos,
vales e montes,
sulcados,
tracejados,
ao sabor do meu desvario,
unidos por membros,
de pés e mãos atados,
estou em ti,
estás em mim,
avançamos ao ritmo da maré,
do desejo,
sinto-te sucumbir,
sinto-me inundar,
prazer,
submerge todas as emoções,
capitulamos juntos,
rendidos um ao outro,
num frenesim beijos e ruídos,
música para os nossos ouvidos,
até ao momento de despertar novamente.
Estado febril,
transporta-me ao imaginário,
de contos de fadas,
castelos lendários,
sapos,
duendes,
gnomos e elfos.
Leva-me para lá do meu inconsciente,
leva-me até ti,
princesa encantada,
que busco no meu fiel Rocinante,
numa luta titânica ,
de moinhos de vento.
Leva-me para lá do meu subconsciente,
feito de medos,
dúvidas,
onde o negro é rei,
a princesa,
a luz,,
não entra,
não por não querer,
mas por a porta estar encerrada.
Leva-me para lá de mim,
para o grande vazio,
onde a felicidade se perdeu,
não quer ser encontrada.
Fiel Rocinante,
regressemos a casa,
aos xás e ás mezinhas,
esperemos que a febre passe.
Já mais nada resta, ficou o vazio. Todos os momentos são nada, a partir deste momento fico só, aqui sozinho neste mundo cinzento e triste. Quando disseste aquelas palavras que dilaceraram o coração, o teu e o meu, nesse momento tudo ficou sem nexo, tudo ficou vazio.
Partiste, desta vez eu não te acompanhei, pois aquilo que nos unia tinha sido quebrado, já não havia volta a dar. Estava dito, estava feito já não tinha mais por onde continuar, já nada restava, nem cinzas, nem os momentos chegavam para reavivar as memórias escondidas que foram apagadas num ápice, levadas por um relâmpago que saiu daquelas palavras, acabou, já não te amo mais. Já não me reconheces, não te reconheço. Somos estranhos um para o outro nada mais resta. Amizade? talvez, mas como se pode ter amizade por alguém que se desconhece, por alguém que já não sabe quem sou, o que somos, o que fomos. Acabou .... adeus ... EU E TU já não somos a mesma identidade, já não somos nada, simplesmente já não somos, sou só eu és só tu.
Ela levantou-se da mesa do café, com lágrimas nos olhos e sem voltar para trás saiu numa correria. Olhos marejados sem ver por onde passava, seus pés mal tocavam o chão. As pessoas desviavam-se não via nada não via ninguém.
Ele limitou-se a ficar sentado na mesa de café, na atitude estóica do costume, mãos nos bolsos, coração apertado sem saber para que lado se virar. Olhar o rio, sair a correr atrás dela. A concha nada deixava transbordar: Quem passava via um rapaz sentado à mesa do café de ar despreocupado olhando o rio. Nada via, não por ser de noite mas por já não ter nada para ver, olhava o vazio, olhava o nada.
Ela parou, sentou num banco de jardim e deixou correr toda a sua mágoa, todos aqueles anos saíram de rompante como uma inundação que tudo leva, arrastando tudo o que lhe restava, toda a sua força esmoronou-se, a sua alma foi lavada pelas lagrimas que lhe saiam do rosto, sangrava da alma.
Ele assim continuou, deixou-se ficar, tal qual uma estátua sem alma, vazia e fria, apenas os mais atentos veriam duas lagrimas que lhe sulcavam a face. Em cima da mesa ficara uma pequena folha. Quem passava não a conseguia ler mas ele sabia o seu conteúdo.
Será adeus?
será que o que foi já não volta?
adeus soa a fim,
o encerrar de um capitulo,
já não estamos aqui,
nem um até breve,
uma palavra,
adeus,
fui-me,
foste-te,
para não mais voltar,
fechada mais uma porta da vida,
uma página que se virou,
adeus,
sem retorno,
sem olhar para trás,
sem lamentos,
arrependimentos,
adeus,
não é até breve,
até já,
passou,
chegamos ao terminus,
já não seguimos juntos,
em frente talvez,
mas separados,
adeus,
nossas almas já não se tocam,
não chegaremos juntos a “deus”,
não seremos um só um dia,
nunca mais,
adeus,
nunca é eterno
adeus é para sempre,
para sempre é muito tempo.
Continua ....
Viajei,
por sítios que desconheço,
andei à deriva,
numa das voltas do caminho,
ao olhar o ocaso,
deparei com a bela adormecida,
no seu belo sono,
espera pela vida perdida,
espera pelo seu amor,
aquele que tanto anseia,
espero que apareça,
só não sei porque o receia,
será o desconhecido,
que atormenta o seu sonho,
mesmo em repouso,
na sua eterna espera,
sinto o seu desassossego,
a sua luta intima,
entre o desejo do despertar,
e a incógnita do acordar,
para quem espera,
saber se o sonho é real,
se a espera vale a pena,
tantos anos adormecida,
em seu leito frio de prata,
diamantes trabalhados por tal beleza,
fria,
adormecida,
sem vida,
pois apenas sonha.
Não posso deixar de pensar,
quem sente com tanta alma,
está destinada a encontrar a felicidade,
não apenas num sonho,
quando acordar para a realidade.
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