Segunda-feira, 2 de Outubro de 2006

Always look twice when you cross the street!

Tinha acabado de sair de casa da Rita.

Tinha um nó na garganta mas não podia chorar ainda, ia chorar depois de dar a curva. Estacionava na rua seguinte e protegida pela viseira do capacete ia chorar. Talvez a noite encobrisse. Mas não ia chorar perto de ninguém… Os homens podem chorar, as mulheres também mas eu… eu não!

O meu sexto sentido, o que a brincar apelidávamos de “instinto de aranha” como se fosse o Peter Parker não estava funcionar ou ter-me-ia apercebido do matulão que  aproximava a mão do meu rabo de cavalo enquanto eu ligava a mota. Só senti o puxão no cabelo e o grito da Rita da janela.  Ouvi um som de pássaro, um som de corvo e olhei para a sombra que pairava sobre mim e o “clash do meu capacete no chão.

Acordei, não sei quanto tempo depois, descalça, com o torso envolto em ligaduras. Cheirava a éter e sangue seco. O cheiro de sangue velho invadia-me as narinas e não consegui impedir o vómito. Nem sei onde despojei o conteúdo ácido do meu estomâgo. Levantei-me mais leve e muito mais enojada!

Ouvi um grito de pássaro. Olhei para cima e vi o corvo que debicava frenéticamente as grades. Tentei trepar a parede. Parecia-me demasiado lisa. Magoei os pés e as mãos e a pele das costas ardia-me horrivelmente.

Uma luz surgiu junto ao chão: havia uma porta!

Deitei-me no chão, embrulhei-me no meu próprio corpo e com parte do cabelo a cobrir-me a cara. A pele ardia-me horrivelmente e sem querer as lágrimas começaram a brotar quentes, salgadas e ardentes. A porta abriu-se! Estava destrancada… a porta estava destrancada! Uma sensação de ânimo inundou-me tal como nova náusea… o cheiro era nauseabundo! Alguém entrou. Senti pânico e fechei os olhos com força!

Fiquei imersa e prisioneira de uma letargia desconhecida. Sabia que não estava só… os olhos abriram-se e a boca ficou presa num esgar estranho e salivante. Via movimento mas não senti o corpo, deslizava até que os olhos me foram fechados.

Os olhos pesavam e o esforço que fazia para entreabrir as pálpebras era quase heróico.

A sala era branca. Tentei movimentar-me! Não conseguia estava presa numa cama de hospital de barriga para baixo. Sentia as amarras nas mãos presas acima da cabeça. E só pensava que ainda bem que estava de barriga para baixo… assim conseguiria dormir!

E dormi…

Acordei para a luz com o som de bicadas num vidro. Não estava a sonhar. Cheirava éter e a hospital… Continuava sem conseguir movimentar-me!  

@como é lógico este conto está incabado... aceitam-se continuações ou finais para o mesmo! ;)

publicado por crowe às 18:49
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