Sexta-feira, 29 de Abril de 2005
Insónias
Tenho sono,
não sei se de muito dormir,
ou por não o conseguir,
a mente não segue os olhos,
que se cerram ferozmente,
na vã tentativa,
de a adormecer,
Tenho sono,
os sonhos,
não me deixam repousar,
imagens assaltam-me,
num rodopio alucinante.
Tenho sono,
e tu não me deixas dormir ...
Quinta-feira, 28 de Abril de 2005
Saudades
Hoje chove cá dentro e o sol brilha lá fora!
Senti saudades tuas todo o dia
podia?
Queria olhar-te nos olhos e insultar-te
Quebras-te a minha protecção!
Avancei com confiança
agora chove cá dentro!
O sol brilha lá fora!
Mas mesmo assim, senti saudades tuas!
Sentes saudades minhas?
Moraste na minha consciência tantas horas deste dia
Que quando passava perto do espelho parecia ver-te comigo!
Para além das saudades ter miragens
podia?
Não percebo a saudade
devia?!
Estou a fazer as coisas diferentes
A pensa-las, a dize-las, a quere-las!
(Tenho saudades tuas)
Mudaste-me
quebraste-me os muros
Nunca me permitiste pedir colo
Hoje se to pedisse dar-mo ias?
Tenho saudades tuas avozinha!
Se soubesses
se me visses hoje
Sorrias? Ralhavas? Aplaudias?
Com a tua franqueza e pureza de génio
Que me dirias hoje quando te dissesse que hoje:
Sinto tanta falta tua?
Tenho saudades tuas
podia?
Se o tema é riso... riam lá
Encontrei este texto num blog que visitei agorinha mesmo (http://fennia.blogs.sapo.pt) e decidi partilhar... apreciem!
CARTA ABERTA DE UM EMIGRANTE AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Incelencia,
Andando Bossa Incelência numa canseira a óscultar personages para escolher um 1º menistro, que não seja um pulha - o que é deficel nos tempos que correm - é com grande alegria minha que benho dezer-lhe que tenho uma solussão que dará grande satisfaçom a todos:
Pois bem, ponha lá o Secolari e seremos os maiores!
1. Olhe com ele descubrimos que temos muito órgulho em sermos portugueses - dantes a malta inté baixava a boz e olháva à bolta a ver se ninguém óbia e ólhe que isto tanto era aí como na estranja!
2. A malta já sabe qual é a nossa bandeira, e dá jeito porque a malta põe-a nos prédios e tápa-se as rachas das paredes e a tinta já a precisar de uma demão, ó então a malta embrulha-se nela e escusa de mudar de roupa, nem se bêem as nódoas nem nada
3. O hómem pos-nos todos a cantar, a gente que inté erámos pró triste, já sabemos o hino de cór,
4 A malta agora é muito unida e já não anda a pôr ao léu as misérias uns dos outros,
5. O hómem consegue pôr 11 homens a trabalhar e a correr o que é óbra, olhe que não me lembro de nenhum 1º menistro conseguir isso com os menistros.
A gente não se importa dele ser brasileiro, porque a malta até o percebe, e antes brasileiro do que f. d. p. como esses que andam aí.
Bossa Incelência escusa de me agradecer e dezer que a ideia foi minha, o que eu quero é o bem pró país. Já agora, dê aí um bacalhau ao Zé Manel, e diga-lhe que a malta o cumprende, a malta também tebe de emigrar, prá arranjar uma bidinha melhor, isto cada um sabe de si.
Zé Portuga.
Terça-feira, 26 de Abril de 2005
Mar ardente
Ao fundo o mar,
areal a perder de vista,
duas almas,
desejo a inundar os sentidos,
sensualidade,
mantem-as unidas,
enquanto a maré avança,
deitadas,
nuas,
de corpos colados,
na companhia do mar,
o azul do céu,
lábios nos lábios,
paixão ardente,
corpos acesos,
chama intensa,
ateada,
pela brisa do prazer.
Risos III - O Gato da Alice
Mais um dia, igual a todos os outros.
O eterno ritual de acordar, sair para o mundo ainda ensonado ... Apanhar o mesmo comboio sentar no lugar do costume. Carruagem do meio, primeiro banco à janela.
Nada de novo só os dias são diferentes , chuva, sol, chuva, sol, cinzento, frio, chuva, sol. A mesma paisagem, cheia de cor e de diversidade, mas ao fim de algum tempo também ela fica cinza, esbatida, corre simplesmente, passa e nem se repara nela pois já não seduz o olhar, talvez seja influência do matutino também ele cinzento sempre com as mesmas notícias.
O observar os companheiros de viagem, que já se conhecem de todos os dias, deixou de ser um exercício para a mente. O que chamava a atenção deixou de o fazer, fechou-se tudo num enorme e eterno cinzento. Nem o surgir de uma cara nova traz cor, pois esta também está pintada de cinza, ora claro ora escuro.
O regresso é feito da mesma forma, é apenas trocado o cinza pela escuridão que reina lá fora, até a lua parece cinzenta.
Já sentia aquela dormência anastésica, a modorrice em que toda a gente aproveita o embalo para dormitar um pouco e sonhar com um pouco de cor.
Primeiro ouvi-a baixinho ... papá poxo xintar aqui?? ... depois um pouco mais alto, mais próximo ... queio i à janela ... senti alguém a tentar subir para o banco à minha frente. Abri os olhos, à minha frente uma criança, uma menina aí de uns 2/3 anos escalava o banco como se se tratasse do monte evereste. Pés no banco e colava os grandes olhos ao vidro para tentar ver a noite. De repente, apercebendo-se da minha presença olhou para mim. Uns olhos grandes pareciam-me castanhos .. ou esverdeados até, uns carocois loiros que lhe emolduravam o rosto. Sorriu e disse-me .. olá .. tavas a domi? Não consegui resistir e sorri-lhe de volta .. olá, estava só a descansar os olhos um bocadinho.
Olhou-me atentamente ... xim pexisas descanxa ... paexes tiste ... e colocou novamente os olhitos no vidro olhando a noite,
- Papá a lua tá patida ... Não consegui resistir e soltei uma gargalhada, efectivamente a lua encontrava-se em decrescente.
- Paexe aquele gatinho dAlice ... virou-se para mim .. conhexes o gatinho dAlice? - Não acho que não conheço. Ela olhou-me muito admirada como se eu fosse um ET. O Pai lá me explicou que ela estava a falar do gato do filme da Alice no País das Maravilhas.
O Comboio parou, disse-me adeus e continuou a fazê-lo quando se encontrava no cais, abanando a sua mãozinha, sorrindo como se tivesse encontrado um novo amigo a quem explicou quem era o gato da Alice.
Olhei em volta e o cinzento tinha partido, a carruagem tinha cores brilhantes. O comboio seguia a sua marcha e eu ia ali de olhos colados ao vidro a olhar a lua partida com um sorriso nos lábios.
@ Passodianisto
As edições Pluma publicam mais um pequeno conto sob o tema Risos, espero que gostem pois eu também gostei de o escrever ... são pequenas "coisas" da minha filhota :-)
Sexta-feira, 22 de Abril de 2005
Perfume
Perfume,
delicado,
sensual,
que nos invade,
baralha os sentidos,
suave,
meigo até,
que inebria,
confunde a mente,
doce,
quente,
desperta a alma,
intenso,
forte,
destroi muralhas,
despe,
liberta,
solta o pranto,
da alento,
faz sorrir
dá cor à vida.
Risos II - Riso com lágrimas
Riso com lágrimas
Chama-se Rosa, e ganha a vida vendendo o pouco que acha que lhe pertence: o seu corpo.
Rosa é bonita. Ou melhor, sua cara revela ainda traços da beleza que um dia foi sua.
Rosa tem aquele olhar triste que torna tristes os olhos que nele se fixam.
Rosa chora muito! Chora quase sempre! Chora quando se vende, porque sim! Chora quando não se vende, porque lhe impuseram uma vida que está condenada a viver até ao fim.
Mas Rosa também sorri. Não muitas vezes, mas sorri. Sorri quando embala seu filho de 3 meses no colo. Sorri quando, ao fim do seu dia, com o sol a nascer, Rosa consegue levar-lhe leite. Sorri quando sabe que, por muito que venda seu corpo, nunca ninguém lhe poderá comprar a alma.
E o mais extraordinário, é que Rosa também consegue rir. Mas apenas quando dorme, e sonha com a vida que gostaria de ter.
Quem sabe, talvez um dia, Rosa possa rir de olhos bem abertos.
@ Fdarkeyes
As edições Pluma publicam mais um pequeno, mas grande, conto... de uma beleza e sensibilidade tais que lagrimas caem por entre um sorriso ... a imagem também é do autor .. apreciem