As gotas caíam e espalhavam-se pelo mármore do chão. O fumo saia da água quente com preguiça como se estivesse em angústias de a deixar. Eu estava ali deitada, naquela banheira vendo a serra que se estendia aos pés da minha janela. Espreguiçava-me languidamente sentindo as carícias que a água imprimia na minha pele era como se não tivesse despido o vestido de seda da noite anterior. Queria ficar ali a movimentar-me lentamente deixando gotas escorrerem com suavidade e sem pressas pelo meu braço fazendo: ping!, no chão! Como carícias quentes e sensuais Levantei-me desnudando também o meu corpo da água quente! E sorri lembrando-me da forma como me desnudaste o vestido. A forma como o senti cair com leveza pelo corpo até ao chão! A sofreguidão com que me olhaste toda a noite, com que disseste em olhares breves que me querias! Adorei brincar contigo ! Sabias que seria tua mas não deixava que me tocasses. Sim, tinha sido o teu demónio naquela noite! A forma como te cobicei os lábios entre a luz ténue das velas mordiscando os morangos que mandaste entregar na minha mesa num total descaso. Conhecias a pessoa que sou, terias que esperar pelo desfecho (Hum, sempre que me lembro dos teus olhos nos morangos que mordiscava Penso que sentia prazer em te ver comer não no sabor com que impregnavam a minha língua!). Soube que sairíamos juntos quando desci a escada e me olhaste fascinado rindo da conversa que tinha com as pessoas que me acompanhavam! Enrolei-me na tolha sem me secar sentia-me sensualmente cansada mas adorava a ideia de me sorveres as gotas que restavam. Apenas uma duvida me assolava, como o farias, escalarias a minha janela, ou arrombarias a porta do quarto de hotel onde nos encontrava-mos instalados. Ou, qui ça, subornavas um dos empregados para te deixar entrar à socapa. Talvez um encontro casual no átrio do hotel, um convite para tomar uma bebida... Senti frio ... a janela do balcão aberta!!! Quase que jurava que a tinha fechado ... a lareira acesa!!! Quem?? ... ali estavas tu sentado no sofá, a toalha caiu, não sei se com o susto se por outra razão qualquer ... olhaste o meu corpo como se de morangos se tratasse, fiquei sem saber que fazer mas quebraste o impasse, aproximaste-te de mim com olhos cor de fogo, não sei se mero reflexo da lareira e tomaste os meus lábios a tua língua procurou a minha vorazmente. Desapertei a tua camisa, queria sentir o teu corpo desnudado junto ao meu, o teu calor que me começava a contagiar. Dança de roupas como num bailado ficamos, agora tu também, exposto ao meu olhar, a tua boca sorveu as ultimas partículas de agua que a toalha não tinha absorvido, percorrendo o meu corpo centímetro a centímetro fazendo arrepiar, a tua língua soltou-me gemidos em locais onde nunca pensei que tal fosse possível. O fogo que vinha da lareira era um mero prolongamento do calor que emanava dos nossos corpos... deitados no enorme tapete felpudo onde tu saboreavas a minha intimidade tal qual néctar dos deuses, senti o fogo do teu olhar fixado em mim, fechei os olhos e deixei-me levar pela sensação que lentamente se apoderava de mim e me transportava para lá daquele quarto, até locais onde nunca tinha estado até explodir como uma chuva de estrelas cadentes. Dizem que depois da tempestade vem a bonança, mas o meu corpo não queria acalmar pedia mais, uniste o teu corpo ao meu, fundindo- mo- nos lentamente, deixamos de ser indivíduos para sermos unos. Entreguei-me sem reservas e deixei de ter qualquer pensamento até o corpo não suportar mais e deixar, num grito, tudo o que tinha sido acumulado até aquele momento. Acordei, estava na minha cama, que ainda sentia o calor daquela noite onde os sentidos foram levados ao máximo expoente, já não te encontravas, na mesa de cabeceira repousava um prato de morangos ... sorri. A vida seria magnífica se tivesse uma banda sonora e doce como um morango recheado de chocolate!
Uma co-autoria da crowe e passo, onde os sentidos se perdem num mar de sensualidade, e não se sabe onde um começa e o outro acaba. Após algumas leituras deste conto, havia sempre algo que não "soava" bem algo que estava um pouco fora do contexto ... pensamos que seria a ultima frase ... após várias consultas resolvemos publicar este pequeno texto que surgiu trazido por um autor anónimo que o cedeu como uma pluma levada pelo vento :-)
" ..... sorri. e languidamente como se tivesse «todo o tempo do mundo», estiquei a mão e segurei um morango. Mordisquei-o. Fechei os olhos e senti uma gota daquela sumarenta preciosidade a escorrer-me pelo canto da boca, foi o suficiente para ser «assolada» pela lembrança de todas as outras «gotas» que tinhas sorvido do meu corpo, um sentimento doce de «dormência» apoderou-se de mim... Abri os olhos. Sorri. E novamente, languidamente, estiquei a mão como se tivesse «todo o tempo do mundo"....
Esta noite preciso que digas o meu nome alto,di-lo bem alto, por favor!
Preciso de o ouvir da tua boca
Para ter certeza de que existo e estou aqui
De que este momento é real
Não uma imaginação com asas que voa!
Esta noite fica aqui,
Ao alcance da minha mão
Quero imprimir em cada molécula do meu corpo
Pedacinho por pedacinho do teu!
Senti-me na agonia do vazio
Todas as voltas dadas pelo relógio!
Deixa-te ficar aqui
Só para te sentir e respirar
Só mais um pouquinho!
Quando partires vai de mansinho
Quero fingir que não te oiço partir
para sonhar contigo e sentir-te ao meu lado
respirando baixinho!
§ Momentos
§ Noite
§ Toca-me
§ Corvo também entra ... co...
§ Aceitam-se sugestões... ;...