Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2004
Sono
No sono, em sonhos,
Sonho contigo
em desvendar-te os mistérios
em dar-te um rumo ou norte.
No sono, sonho contigo
Nesse mar revolto e ondulado que és
nesse céu escuro que vemos...
Pela manhã ainda com sono, sonho
Sonho acordada com mistérios e almas
veladas por mantos negros e caras fechadas...
...palavras, sorrisos, palavras que ouvidas com atenção
dizem nada.
No sono da noite sonharei contigo
Tentarei descortinar-te e como sempre...
acabarei a acordar pela manhã sem saber nada.
No sono, sonho contigo,
com algo
Que no fundo não vale nada.
Momentos
Agora que olho o rio de frente
sentado em madeira
há muito esventrada
tendo por companhia a lua
brilhante
cheia de plenitude
que mesmo nas horas mais negras
nunca deixa de sorrir
e a sombra alada
negra
da tormenta
que vibra
debaixo da sua capa de gelo
assim nos deixamos ficar
olhando o rio
cortando a noite
com sonoras gargalhadas
de puro prazer
enfrentando a chuva que se insinua
o rio a nossos pés
como pano de fundo
a ponte das antigas descobertas
o som de mil almas
em constante frenesim
nos alheios a tudo
olhando o rio
numa amena cavaqueira
entre almas
velhas conhecidas
de outras eras
não posso deixar de pensar
que nessa mesma noite
já foramos apocalipse
só não o continuamos
porque se perdeu Utopia.
Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2004
Sady madly
Qualquer dia dou em louco
já nem sei como aguento
tanta dor
tanto sofrimento
já não sei o que fazer
para poder ajudar
talvez tenha que ser eu
que um dia tenha q ue mudar
porque a vida assim éassim
sincereamente
já nem sei que faça
o que é queainda me reserva
é algo que me ultrapassa
talvez um dia consigas
e do fundo dessa confusão
encontres em ti o abrigo
quem sabe até a resposta
para te refugiares
no meio da solidão
Quinta-feira, 16 de Dezembro de 2004
Na noitada :s
Já fui o que fizeram de mim
já estive
e já parti
será que alguma vez fui
ou quem sabe
talvez já tenha existido
axo que fui inventado
na dúvida
quem sabe até criado
passei por lá
ignorado
assim como aquele
que dizia que não queria
o malfadado
que mais vale ser algo
que ser apenas fado.
o que faz não dormir como deve de ser hehehehe :s
A todos vós
A todos vós, que me encararam de frente.
E me chamaram de amigo eterno.
Ergo-vos esta taça de vinho quente.
E brindo convosco neste Inverno.
A todos vós, que são portos de abrigo.
Ou companheiros de noites longas.
Dou-vos um abraço ausente de perigo.
E sirva-se o riso sem mais delongas.
A todos vós, cujo carinho me humaniza.
Cujas palavras são estrelas de brilho intenso.
Ao pensar em vós minha alma se regozija.
Sem vós a noite seria de um breu imenso.
A todos vós, que são ouvintes e confessores.
Que adquirem saber e partilham a dor.
Sem vós o céu perderia a tonalidade de mil cores.
E o mero respirar encher-me-ia de torpor.
A todos vós, que são essenciais ao ser do meu ser.
Que encerram os tesouros que dou ao mundo.
Faço-vos esta vénia imbuída do meu bem-querer.
Porque sem vós eu seria um falhanço rotundo.
Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2004
Mágicas
Podera eu tirar tua tristeza,
passar da tua p a minha alma,
podera eu saber dar paz,
transmitir toda a minha calma
Fora eu um ser magico
de poderes infinitos
acabava com o trágico
que é ouvir os teus gritos
Apaguizava a tua dor
enchia-te de esperança
mostrava-te o amor
descobria-te a bonança
Mas sou um ser normal
sem qualquer tipo de poder
vais ter q ver que afinal
está em ti tal querer
Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2004
Anatomia do Beijo
Sou um ser curioso, nascido de mente aberta.
Aprendido em novelas arcaicas numa velha TV.
Colocado em prática na idade da frágil descoberta.
Debaixo de figueiras, melros e não sei mais o quê.
Fui educado por ti, no pátio escuro da velha escola.
Por entre professoras de ar pesado e circunspecto.
Respirei forte, aqui e ali, por vezes até fui esmola.
Dando cor e imaginação ao lábio mais analfabeto.
Fui ladrão de alto gabarito, no meio do caos do recreio.
Enquanto ria e corria célere para longe da mão vingativa.
Cresci escorreito, magano, apenas do herpes tinha receio.
E fazia ponto de honra na conquista da boca mais esquiva.
Fui companheiro de jornada, testemunha de barba incipiente.
Fui melodia ao luar e parceiro salgado na areia molhada.
Tornei-me mensageiro perfeito do desejo fogoso e presente.
E até fui corda de guitarra na cerimónia da rosa desflorada.
Fui aluno e professor, numa história sem fim desenhado.
Tornei-me cioso do requinte, buscando aquele momento perfeito.
Hoje até beijo lábios que a roupa esconde desse modo recatado.
E navego ciente de que a vida sem beijar é como um verbo sem sujeito.