
A brisa corria levemente pelos meus cabelos. Já há muito tempo que não me sentia assim. Tinha finalmente realizado um antigo sonho... sentar-me no pilar central, mesmo no topo, da ponte 25 de Abril.
De todas as vezes que fiz aquela travessia sempre tive o desejo, mórbido talvez, de saltar dali, qual seria a sensação de dar um passo daqueles. De em breves instantes, uns meros segundos e entrar na água a uma velocidade vertiginosa ... nunca questionei se iria sobreviver ao impacto ... não era isso que estava em causa .. pois também não sabia se o iria fazer ou conseguir, apenas me interessava sentar ali e cumprir um velho sonho.
Tinha parado o carro no meio do tabuleiro. Saído nas calmas, apesar do buzinanço, as pessoas nem se importavam que eu estivesse a subir a ponte, apenas as chateava que o carro estivesse ali parado, e apesar dos protestos subi por umas escadinhas estreitas, uns degraus em ferro até ao topo, e agora ali estava em paz comigo mesmo ... sentado no topo do pilar da 25 de Abril ... saboreando o pôr do sol daquele dia de Primavera respirando aquela sensação de liberdade, de me sentir vivo. Nada mais importava apenas o momento, nem as formiguinhas que corriam lá em baixo apressadas, nem o carro da GNR-BT que tinha parado atrás do meu, e muito menos os agentes que subiam percorrendo o trajecto por mim já feito.
Levantei-me, apreciei os últimos raios de sol que batiam no meu rosto, a brisa suave acariciando-me como um xamego, "vem sê livre". Pensei naquela música que por vezes passava na rádio I beliv i can fly .. será que o simples facto de se acreditar iria passar a ser real, o agente que se aproximava de mim, pela sua cara, dizia claramente que não, que eu não sabia voar e ele muito menos. Olhei-o nos olhos, senti o seu medo, não por mim, mas por ele, pelos olhares que deitava para o rio lá em baixo. Não pude deixar de sorrir a minha intenção não era o ter de saltar, mas o salto em si, que importava o facto de escapar ou não, era apenas mais uma experiência numa vasta vida de vidas e vidas consecutivas .. afinal só voltamos a este mundo para aprender.
@ Já aqui ha algum tempo uma amiga desafiou-me para umas crónicas, eu como não sabia o que escrever fiz parte deste texto, mostrei-lho e o seu comentário .. isso não é uma crónica, é um conto :s ..... eu pedi ... então acaba-o .. ela disse já ta quase pronto, não me dá muito espaço de manobra, acaba-o tu, começa outro e manda-mo.. eu assim fiz .. comecei outro ( mas isso será para postar noutra altura heheeh)... e não terminei este, deixei-o ficar sossegado ... hoje resolvi acabá-lo, e aqui está o resultado ..espero que gostem :)
Passo, já consigoooo :)))))
Adorei este conto, está muitooo...muitooo bom
um beijo e bom fim de semana
De
anokas a 29 de Julho de 2005 às 16:06
Parabens, tudo aquilo k tu escreves é lindo.
kem me dera ter a coragem (k o personagem do teu conto teve) para realizar os meus sonhos, sem pensar em mais nada k n fosse o momento.Bjs
De
Crowe a 29 de Julho de 2005 às 15:14
Queixinhas com boa memória! Isso é imperdoável.... ai os biombos ... ai os biombos
Adorei, Passito. Este texto fez-me pensar numa serie de sonhos que eu gostaria de concretizar, sem pensar nas consequências! Beijos. Faz mais deste que a malta agradece!
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