
@ foto gentileza da minha homy Cassi :)
Bebia calmamente o seu café matinal, um dia solarengo sentado na esplanada do café do costume. A empregada, quando o vira aproximar colocou o café na sua mesa preferida. Já não precisava de pedir, ela viu-o, sorriu desejou-lhe o bom dia e deixou o café sobre a mesa.
Como sempre acontecia olhou-a longamente e só conseguiu balbuciar um bom dia, e como está. Por incrível que parecesse, pois era um homem vivido, com ar de quem não se deixa intimidar pela vida e pelas situações em que ela nos coloca, nunca conseguiu ir mais longe, falar da vida do tempo de qualquer coisa para além daquele bom dia.
Enquanto bebia o café foi-a observando. Um belo rosto, lábios cheios, sensuais, coroados por uns olhos verdes brilhantes, felinos,, emoldurado por uma cabeleira loira, sorriso fácil, ar de miúda traquina e uma bela silhueta, sensual. Sentiu o coração bater mais forte, o calor na sua face e a transpiração nas suas mãos.
Já frequentava aquele café há 3 anos e nunca tinha tido a coragem de passar a fronteira cliente/funcionária, não era que não o desejasse, mas sem saber porquê tinha-se mantido discreto sem nunca dar aquele passo que quebra as barreiras da intimidade, e entra num mundo mais pessoal. Acobardara-se com aquele olhar felideo, o sorriso traquina e deixara o tempo correr.
Mas naquele dia, ou soprou uma brisa diferente, talvez o sol tenha brilhado mais intensamente, ou o café era mais forte, enquanto deixava as moedas na mesa e ela se aproximava para as receber ele num rompante perguntou-lhe se ela não queria beber um café.
Ela ficou confusa e perguntou se ele queria outro café, ele ficou embaraçado, parecia que ia vacilar e disse claramente se ela não queria beber um café com ele, mas fora dali, daquele local longe das pessoas do costume.
Ela esboçou um largo sorriso e quando ia para responder alguém se aproximou a correr na sua direcção, abraçando-a e dando-lhe imensos beijos. Ele ficou ali suspenso como se não quisesse acreditar, ao longo destes anos nunca lhe tinha visto ninguém e logo hoje que se tinha decidido dar aquele passo, quebrar a barreira.
Sentiu uma raiva enorme a subir dentro de si, fechou os punhos o seu rosto ficou como se fosse o de uma estatua e quando voltava costas para se ir embora ouviu a sua voz cristalina. Não precisa de ficar com ciúmes, é o meu irmão e aceito sim. Amanhã é a minha folga pode ser ás 9.
Ele só conseguiu acenar com a cabeça que sim e saiu do local a toda a pressa sob o olhar embasbacado do irmão dela e para ninguém reparar no seu sorriso idiota de orelha a orelha...